quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

No limite do silêncio

Elenco:
Andy Garcia
Vincent Kartheiser
Linda Cardellini
Sam Bottoms
August Schellenberg
Chelsea Field
Brendan Fletcher
Teri Polo

Direção:
Tom McLoughlin
Produção:
Tom Berry

Matthew Hastings

Kelley Feldsott Reynolds
Fotografia:
Lloyd Ahern II
Trilha Sonora:
Don Davis







Análise:

O filme “No limite do Silêncio” fala sobre a história de um psicólogo que diante da perda do filho, que cometeu suicídio este sofre o desespero da perda e sua vida tanto profissional quanto pessoal começam a tomar rumos diferentes.
Ao encontrar uma ex-aluna o Dr. Hunter é convidado por ela a tratar um caso de um adolescente que está prestes a sair do orfanato onde passou sua infância e adolescência ao presenciar a morte da mãe cometida pelo seu pai e o levou a prisão perpétua.
O Dr. Hunter traumatizado com a morte de seu filho se vê num conflito entre a culpa pela perda do filho ainda adolescente e os cuidados com o novo adolescente ao qual pretende ajudar e o leva a ter muitos conflitos e sofrimento.
A perda nos dá um sentimento de impotência e de culpa diante daquilo que não podemos mudar ou agir sobre eles.
Quando o Dr. Hunter pega seu filho nos braços ele se viu impotente diante daquela situação e perdendo o que havia de mais precioso.
De acordo com Viorst (2005), que somos completamente incapazes de oferecer a nós mesmos ou aos que amamos qualquer forma de proteção contra a dor e contra as perdas necessárias.
O quanto à perda de um ente querido, de pessoas que nós amamos, nos faz mudar radicalmente o que nós pensamos sobre a nossa existência, as perdas aparecem de forma acentuada quando existe um apego por alguém ou por alguma coisa.
A vida tornou-se tão difícil para Hunter que ele não quis clinicar mais em uma fala com a assistente social “... não faço mais clínica, apenas dou palestras e escrevo livros”.
Hunter não aceitava o fato de ter perdido seu filho num ato tão agressivo e traumático a ação suicida. Não aceitava o fenômeno da morte. Em seus pensamentos via seu filho vivo, na presença de outra pessoa, onde no filme ficava claro quando nas sessões com o adolescente a imagem que vinha à sua cabeça era de seu filho.
A raiva Hunter se revoltou contra si próprio por não perceber o que realmente se passava com seu filho, o quanto estava sendo torturado pelos seus pensamentos em não falar o que acontecia com ele nas sessões terapêuticas com o colega de seu pai, o abuso. Hunter deixou de si, de sua aparência, de sua família e até de perceber sua filha. “Você sabe que não te dei apoio quando o seu irmão morreu, e sei que você precisava...”.
A perda leva o ser humano a um estágio depressivo, existe um descaso consigo mesmo, com suas coisas, com a vida e um isolamento, a vida não tem mais sentido. Para Hunter, separar da mulher, morar em um lugar isolado sem muito conforto e viver de lembranças retrata sua depressão diante da perda.
A perda na adolescência segundo Bowlby (1993), manifesta o luto como resposta à quebra de um vínculo afetivo.
- Sentimento de não ser compreendido entre seus sentimentos e emoções;
“Dr.Hunter: Podemos conversar”? Gostaria de falar sobre seus pais?
Tommy: “Acho melhor não”.
- considerar a perda como assunto privado, razão pela qual supostamente ninguém compreenderia, portanto cabe a si próprio livrar-se do seu sofrimento;
“Tommy: porque não deixa ir embora?”
“Dr. Hunter: Deixa eu te ajudar?”
“Tommy: A culpa foi minha”

- Dificuldade de expor e compartilhar seus sentimentos;
Tommy pouco falava de si, ou da sua família mudava sempre o foco das sessões: “eu jogava sempre... quer jogar, vamos ver se você é bom...”.
- Dificuldade de se enturmar e fazer amigos;
Tommy, não apresentava ter muitos amigos e também tinha dificuldade de se relacionar com os outros.
- Dificuldade de se aprofundar nos seus sentimentos quando tenta falar com outrem.
Não falava muito de si e das coisas que haviam ocorrido em sua vida, com ninguém.
- Evita falar da perda para não sofrer.
“Dr. Hunter: Me responda uma coisa? Viu seu pai matar sua mãe?”
“Tommy: que pergunta é essa...”.
“Temos que falar sobre isso...”.
“Tommy: eu já to cheio dessa babaquice!”
As questões de perdas geram angústias, medo, culpas e um desgaste a todos os membros da família dar um novo sentido a vida, depois do sofrimento é uma longa trajetória no qual todos os membros da família precisam estar juntos nesta nova fase apoiando-se uns aos outros e um fator importante é saber o significado da morte para cada uma das pessoas que passam por este momento e respeitar o seu tempo.







Referências Bibliográficas

Bowlby, J. (1990), “Trilogia do Apego e perda”, v. I e II, Ed. Martins Fontes, São Paulo.
Ross, E. K. 1987. Sobre a morte e o morrer. Editora Martins Fontes. São Paulo.
Viorst, J. (2005), “Perdas Necessárias”, Ed. Melhoramentos, São Paulo.

3 comentários:

Pr.ª Silém Lima disse...

Olá professora, estava fazendo uma pesquisa na internet e encontrei esse blogger, achei muito interessante começei a ler, só no final resolvi ver quem era o autor/autora...
Que surpresa, fiquei muito feliz por que antes de saber que era você já tinha gostado do texto. Muito bom, prazer ser sua aluna.
Talyta Borges

Unknown disse...

Consegue explicar como acontece o processo de adoecimento do doutor, e o processo de adoecimento do menino?

Unknown disse...

Há uma situação comum entre os dois personagens que está relacionado com o trauma e a perda sofridos por ambos. No caso do terapeuta o não reconhecimento ou percepção do abuso que o filho sofria por seu amigo terapeuta gera um sentimento de impotência e fragilidade em não conseguir proteger o próprio filho do mal. No caso do jovem o trauma também associado ao abuso gera um transtorno psíquico, que quando criança carrega consigo a culpa pelo evento ocorrido, onde o mesmo sofre a perda de seus pais. No filme ambos são vítimas das situações e buscam de acordo com os mecanismos psicológicos que possuem lidar com o trauma instalado.