Elenco:
Andy Garcia
Vincent Kartheiser
Linda Cardellini
Sam Bottoms
August Schellenberg
Chelsea Field
Brendan Fletcher
Teri Polo
Direção:
Tom McLoughlin
Produção:
Tom Berry
Matthew Hastings
Kelley Feldsott Reynolds
Fotografia:
Lloyd Ahern II
Trilha Sonora:
Don Davis
Análise:
O filme “No limite do Silêncio” fala sobre a história de um psicólogo que diante da perda do filho, que cometeu suicídio este sofre o desespero da perda e sua vida tanto profissional quanto pessoal começam a tomar rumos diferentes.
Ao encontrar uma ex-aluna o Dr. Hunter é convidado por ela a tratar um caso de um adolescente que está prestes a sair do orfanato onde passou sua infância e adolescência ao presenciar a morte da mãe cometida pelo seu pai e o levou a prisão perpétua.
O Dr. Hunter traumatizado com a morte de seu filho se vê num conflito entre a culpa pela perda do filho ainda adolescente e os cuidados com o novo adolescente ao qual pretende ajudar e o leva a ter muitos conflitos e sofrimento.
A perda nos dá um sentimento de impotência e de culpa diante daquilo que não podemos mudar ou agir sobre eles.
Quando o Dr. Hunter pega seu filho nos braços ele se viu impotente diante daquela situação e perdendo o que havia de mais precioso.
De acordo com Viorst (2005), que somos completamente incapazes de oferecer a nós mesmos ou aos que amamos qualquer forma de proteção contra a dor e contra as perdas necessárias.
O quanto à perda de um ente querido, de pessoas que nós amamos, nos faz mudar radicalmente o que nós pensamos sobre a nossa existência, as perdas aparecem de forma acentuada quando existe um apego por alguém ou por alguma coisa.
A vida tornou-se tão difícil para Hunter que ele não quis clinicar mais em uma fala com a assistente social “... não faço mais clínica, apenas dou palestras e escrevo livros”.
Hunter não aceitava o fato de ter perdido seu filho num ato tão agressivo e traumático a ação suicida. Não aceitava o fenômeno da morte. Em seus pensamentos via seu filho vivo, na presença de outra pessoa, onde no filme ficava claro quando nas sessões com o adolescente a imagem que vinha à sua cabeça era de seu filho.
A raiva Hunter se revoltou contra si próprio por não perceber o que realmente se passava com seu filho, o quanto estava sendo torturado pelos seus pensamentos em não falar o que acontecia com ele nas sessões terapêuticas com o colega de seu pai, o abuso. Hunter deixou de si, de sua aparência, de sua família e até de perceber sua filha. “Você sabe que não te dei apoio quando o seu irmão morreu, e sei que você precisava...”.
A perda leva o ser humano a um estágio depressivo, existe um descaso consigo mesmo, com suas coisas, com a vida e um isolamento, a vida não tem mais sentido. Para Hunter, separar da mulher, morar em um lugar isolado sem muito conforto e viver de lembranças retrata sua depressão diante da perda.
A perda na adolescência segundo Bowlby (1993), manifesta o luto como resposta à quebra de um vínculo afetivo.
- Sentimento de não ser compreendido entre seus sentimentos e emoções;
“Dr.Hunter: Podemos conversar”? Gostaria de falar sobre seus pais?
Tommy: “Acho melhor não”.
- considerar a perda como assunto privado, razão pela qual supostamente ninguém compreenderia, portanto cabe a si próprio livrar-se do seu sofrimento;
“Tommy: porque não deixa ir embora?”
“Dr. Hunter: Deixa eu te ajudar?”
“Tommy: A culpa foi minha”
- Dificuldade de expor e compartilhar seus sentimentos;
Tommy pouco falava de si, ou da sua família mudava sempre o foco das sessões: “eu jogava sempre... quer jogar, vamos ver se você é bom...”.
- Dificuldade de se enturmar e fazer amigos;
Tommy, não apresentava ter muitos amigos e também tinha dificuldade de se relacionar com os outros.
- Dificuldade de se aprofundar nos seus sentimentos quando tenta falar com outrem.
Não falava muito de si e das coisas que haviam ocorrido em sua vida, com ninguém.
- Evita falar da perda para não sofrer.
“Dr. Hunter: Me responda uma coisa? Viu seu pai matar sua mãe?”
“Tommy: que pergunta é essa...”.
“Temos que falar sobre isso...”.
“Tommy: eu já to cheio dessa babaquice!”
As questões de perdas geram angústias, medo, culpas e um desgaste a todos os membros da família dar um novo sentido a vida, depois do sofrimento é uma longa trajetória no qual todos os membros da família precisam estar juntos nesta nova fase apoiando-se uns aos outros e um fator importante é saber o significado da morte para cada uma das pessoas que passam por este momento e respeitar o seu tempo.
Referências Bibliográficas
Bowlby, J. (1990), “Trilogia do Apego e perda”, v. I e II, Ed. Martins Fontes, São Paulo.
Ross, E. K. 1987. Sobre a morte e o morrer. Editora Martins Fontes. São Paulo.
Viorst, J. (2005), “Perdas Necessárias”, Ed. Melhoramentos, São Paulo.
3 comentários:
Olá professora, estava fazendo uma pesquisa na internet e encontrei esse blogger, achei muito interessante começei a ler, só no final resolvi ver quem era o autor/autora...
Que surpresa, fiquei muito feliz por que antes de saber que era você já tinha gostado do texto. Muito bom, prazer ser sua aluna.
Talyta Borges
Consegue explicar como acontece o processo de adoecimento do doutor, e o processo de adoecimento do menino?
Há uma situação comum entre os dois personagens que está relacionado com o trauma e a perda sofridos por ambos. No caso do terapeuta o não reconhecimento ou percepção do abuso que o filho sofria por seu amigo terapeuta gera um sentimento de impotência e fragilidade em não conseguir proteger o próprio filho do mal. No caso do jovem o trauma também associado ao abuso gera um transtorno psíquico, que quando criança carrega consigo a culpa pelo evento ocorrido, onde o mesmo sofre a perda de seus pais. No filme ambos são vítimas das situações e buscam de acordo com os mecanismos psicológicos que possuem lidar com o trauma instalado.
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